Os
fatos se iniciam, com um jovem; seu nome: Pedro Henrique.
Pedro
sempre fora um jovem aplicado nos estudos, apesar de ter perdido seus pais
ainda novo por consequência de em um acidente de carro. Pedro sempre se mostrara
superar muito fácil às dificuldades e as barreiras que a vida lhe impunha.
O
ano o qual descrevo é 1958; Pedro morava em uma pacata cidade no sul da França.
Sua origem era brasileira, mais praticamente viveu toda sua juventude no
exterior com seus pais. Depois de um trágico acidente, Pedro foi levado para
uma espécie de abrigo, que acolhia órfãos e crianças abandonadas.
Embora
muitos acreditassem que o jovem menino estava desnorteado, Pedro mostrava-se totalmente
maduro e seguro para encarar tais situações... E não demorou muito pra que o
jovem rapaz decidisse, sair do abrigo e correr atrás de seus sonhos. O primeiro
deles era voltar ao Brasil e se especializar em uma conceituada Universidade,
seu curso de escolha não poderia ser mais óbvio... No ano de 1966, chegou ao Brasil
e iniciou sua especialização em matemática científica. Mas, claro que não foi
nada fácil, Pedro passou por muitos inoportunos; às vezes não tinha o que comer
para pagar a passagem somente de ida até a Universidade e sempre voltava a pé,
mas apesar de tudo ele vinha com o mais belo sorriso estampado na cara, pois
sabia que mais tarde colheria os frutos plantados por seu próprio trabalho, a
vida de Pedro consistia-se em estudar e trabalhar para pagar seus estudos e o aluguel
de um quarto localizado no centro da cidade, Afinal com o pouco dinheiro que
recebia pelo trabalho que realizava, era somente o que podia pagar... E durante
toda a sua jornada de trabalhos e estudos, nunca acontecera nada de novo, seus
dias pareciam semanas, os meses se assemelhavam há anos e assim viveu durante quatro
anos.
Em
1970, Pedro conseguiu seu diploma, e em seguida apareceu uma ótima oportunidade
de estágio, foi a partir deste momento que a vida de Pedro Henrique nunca mais
foi à mesma.
E
foi exatamente no dia 25 de junho do mesmo ano que Pedro Henrique conheceu um
rapaz, este que seria o motivo de muitas lágrimas e tristezas em sua vida. O
dito chamava-se Luis Guilherme, também estudante do curso de matemática
cientifica. Pedro se entrosou rapidamente com os diretores e professores da Universidade
e foi convidado para trabalhar como instrutor efetivo de ensino de métodos
aplicáveis na matemática cientifica. A princípio Pedro ainda estava extasiado
com tamanhas oportunidades, mais sabia que nada mais era, que o fruto de seus
esforços... E lembrou-se de seus pais e neste exato momento lágrimas lhe
escoaram pela face, que resplandecia uma alegria extraordinária e também um
leve ar de tristeza, pois afinal ainda lhe faltava algo, sentia-se só na vida.
Um
dia esses pensamentos voltaram a perturbá-lo em sala de aula, para sua sorte
todos estavam no intervalo. Exceto Luis Guilherme que entrou na sala e viu Pedro
debulhando-se em lágrimas. Vendo aquela cena sua primeira reação foi de susto
afinal admirava Pedro por sua posição e por sempre estar de bem com a vida;
debruçou-se sobre a mesa, e olhou para Pedro mais não soube o que dizer e nem
como dizer, mais foi com um gesto que expressou tudo o que queria dizer a Pedro.
Com
um toque suave passou sua mão macia sobre o rosto de Pedro, que ao senti-la
acariciando sua pele teve um impulso repentino de nojo e o empurrou para trás,
afinal Pedro era objetivo em relação a sua orientação sexual nunca lhe passara
pela cabeça ter um relacionamento homossexual.
Com
o forte empurrão que levou, Guilherme caiu sobre uma cadeira, e saiu aos
prantos da sala. O intervalo terminara e os alunos já voltavam às salas, ao
entrarem Pedro ainda estava com os olhos vermelhos, todos sabiam da condição
sexual de Guilherme, mas, não associaram nada a respeito.
Os
dias caminhavam e Guilherme não aparecia mais nas aulas, amigos diziam que ele
estava numa casa de repouso, pois sofrera uma forte emoção há algumas semanas. Ao
ouvir isso Pedro logo imaginou do que se tratava, e passou a mão pela testa: como
se esboçasse uma leve sensação de culpa.
No
dia seguinte Pedro amanheceu decidido a ir á casa de repouso visitar Guilherme.
Chegando lá seu primeiro sentimento foi à piedade, O rapaz estava como se
estivesse delirando e a todo instante chamava por seu nome.
Pedro!
Pedro!Pedro
Pedro
ficou assustado e perguntou a enfermeira o porquê dele estar assim e porque
tanto chamava por seu nome.
A enfermeira então lhe disse que desde o dia
que Guilherme havia dado entrada na casa, já apresentava algumas crises momentâneas
que vinham e passavam repentinamente. E sempre quando as crises vinham era pelo
nome de Pedro que ele chamava... Pedro simplesmente não conseguia entender
aquela situação.
Mas
aqui o que vocês leitores não sabem é que Guilherme já o acompanhava ha muitos
anos e quando soube que ele havia se tornado professor universitário decidiu
matricular-se no curso das disciplinas que Pedro ministrava aulas. Destino? Não!
Obsessão! A qual ainda lhe traria muitas consequências...
Pedro
estava em pé ao lado do leito de Guilherme quando ele despertou como se seu
cheiro houvesse lhe penetrado as narinas e fazendo com que o despertasse E com
um movimento rápido que segurou Pedro pelo braço e começou a dizer:
–Eu
te amo, fica comigo, não me abandone, eu te amo demais, não me deixe...
Ouvindo
essas palavras Pedro correu imediatamente para a porta e saiu na rua
atordoado...
Os dias que se passaram eram lentos e preocupantes, embora não
sentisse nada pelo garoto, Pedro passou a refletir sobre aquela situação.
Mais
30 dias se passaram e Guilherme parecia ter sumido, pois não aparecia mais na Universidade,
e nem mesmo seus amigos sabiam a seu respeito. Tudo parecia tranquilo
novamente, até o jovem reaparecer.
Mandava-lhe carta, ligava a todo o momento da
noite em sua casa, seguia-o nos trajetos que fazia. E a qualquer hora e a
qualquer lugar Guilherme sempre estava com os olhos compridos sobre Pedro, como
se não quisesse perder se quer um movimento que ele fizesse. Pedro já havia
notado a constante presença do jovem em todos os ambientes que estava. Certo
dia então decidiu dar um basta naquela situação, encostou Guilherme contra a
parede e lhe fez ofensas, dizendo que não aguentava mais aquela obsessão, disse
que se ele não parasse de segui-lo iria até a polícia prestar queixa.
Guilherme
abaixou a cabeça e acenou como se estivesse entendendo o recado de Pedro, mas
sua mente já estava corrompida por maus pensamentos e falsos sentimentos.
Foi
quando veio em sua mente como única saída para ter o amor de Pedro.
–
É caros leitores acreditem
Guilherme
se informara com uma amiga, a respeito de magia negra, e dominação sobre a
pessoa amada.
E
foi com a ajuda de Kátia sua amiga que foram atrás de uma conhecida médium e
bruxa que morava um pouco distante da cidade, escondida entre os grandes
arvoredos da mata: madame Kanã.
Chegando
ao escuro e fétido templo de madame Kanã, Luis Guilherme talvez por um ímpeto
de sensatez pensou em desistir, mas sua amiga não o deixou Fazê-lo e o
convenceu para que ao menos se consultasse com a velha. Com muita insistência
seguiu os conselhos de Kátia.
E
antes mesmo que batessem a sua porta madame Kanã apareceu como se por um fleche
de luz e disse:
–
Demoraram, pensei que não viessem mais.
Quando
disse essas palavras até mesmo Kátia que também praticava o ocultismo se
arrepiou e sentiu um breve calafrio na nuca.
Sentaram-se
então e Guilherme começou a explicar sua situação e então disse para que tinha
ido procurá-la.
Madame
Kanã inquieta perguntou:
–
você está mesmo disposto a passar por qualquer coisa para ter o seu amor?
–
Mesmo que para isso tenha que entregar sua alma em troca?
–
mesmo que tenha somente o corpo dele, pois jamais ele te amará verdadeiramente?
–Os
espíritos meu jovem estão no mundo para nos socorrerem e nos ajudar mais você
sabe que eles têm um preço!
–
E o que você tem a oferecê-los?
Guilherme
então respondeu com a boca entre aberta com os lábios roxos e trêmulos:
–
Darei minha vida e minha alma para ter o amor de Pedro ou ao menos sua presença
constante!
Quando
disse isso ele e sua amiga não viram que vultos negros saíram das extremidades
da casa e faziam círculos a
sua volta como se o envolvessem em uma
espessa camada sombria e tenebrosa.
Madame
Kanã soltou uma gargalhada estridente e uma forte ventania começou a soprar na
casa.
Guilherme
sentiu um peso extremo aos ombros e pediu a Kátia para que fossem embora...
Pagou
então aos serviços de madame Kanã e saiu em direção à porta, Guilherme não viu,
mas havia vultos negros encostados ao seu lado, estes os quais lhe perseguiriam
por toda sua vida até o dia do acerto final...
Ao
saírem da casa Kátia e Luis Guilherme perderam suas memórias e a partir dali
viveram o resto de suas vidas perdidos na mata, nenhum deles sabiam, mas Pedro
sempre usara sempre um amuleto de proteção, e este se fez refletir a maldição.
Um dia quem sabe todos se reencontrem e se perdoem, mas até lá ficaremos à
espera...
Marcelo A. Marvyn