quarta-feira, 6 de julho de 2016

Da vontade de Amar



Das mil vezes que fugi de ti, encontrei-me em teus braços.
Das mil vezes que te desprezei, só queria ser teu mais e mais.
Das mil vezes que nosso encontro terminou em lágrimas, só queria estar sem gostar.
Das mil vezes que te desenhei nos rascunhos dos meus pensamentos, vi você inteiro a se concretizar diante de mim...
Das mil vezes que te consumi, te engoli, te devorei... 
Não mais houve lembranças do nosso amor.
E  tantas outras mil vezes , o desejo acabou, o amor passou, a lembrança morreu...
E cá estamos nós inertes cada um num canto da cidade, diante da muralha..
 A muralha que nos separou! 


06/07/2016

sábado, 20 de setembro de 2014

Ensaio de poema figurativo


Me deram a vida
Ah, não aguentei!
Roubaram tudo que eu tinha,
Cadê o que desejei?
Estava lá na maloca...
Levada que alimentei
Onde está a grande surpresa?
leia a lateral na
v
e
r
t
i
c
a
l
e veja o nome que me batizei.

Marcelo A.

Sobre a Sabedoria



Sábio, sabia ser o sabiá
sabia o sabiá por sábio ser
e foi até o último suspiro!
até o último cortejo
sorriu contente o sabiá
por saber que anos depois todos saberiam
que sábio, só é quem sabe ser!

Marcelo A.

Respostas


E se lhe perguntarem?
não verbalize!
as respostas mais complexas e carregadas de verdades são ditas no silêncio.
E se insistirem?
Mantenha calma!
Muitos ainda não aprenderam que calar às vezes é preciso.
E se retrucarem?
sorria!
Interpretar o não dito é uma arte para poucos...
E se?
...

Marcelo A.

HOMEM SABIDO


Mente lenta
Lentamente
Mente?!
Quem diz que
a mente lenta mente.
mente
Lentamente...

Marcelo A.

E agora, joão?

Onde estão todos?
O caminho é estreito e assustador?
não lhe disseram que teria de percorrê-lo sozinho?
Não lhe disseram que a solidão seria tua intima companheira?
Não seja ingênuo, joão!
Abra teus olhos, joão.
fique calado, joão.
eles estão por toda parte...
Shiu!!!!
ou lhe engolirão.


Marcelo A.

sábado, 26 de julho de 2014

Paradoxo de nós mesmos

No céu, a lua
Na terra, nós
Na noite, a brisa
na cama, suor


no alto, a luz
na terra, sede
nas estrelas, o azul
nos corpos, desejo

Logo o amanhecer...

No céu, o sol
Na terra, eu só
No dia, a solidão
Na cama, lágrimas

No alto as nuvens
Na terra, choro
No arco-íris a esperança
Em nossos corpos, autodefesa.

Marcelo A.

domingo, 29 de junho de 2014

Meus sonhos

Na noite que sonhei com teus lábios, pude sentir a maciez pura e infindável do leve toque, eles partiam de minhas extremidades em direção a nuca! O som, a imagem, o toque! começou por beijar-me vagarosamente a face em seguida a nuca. Ah! O calor das mãos... como pudera eu esquecer da noite que nos sentimos,nos amamos,nos fundimos? Não éramos apenas dois, e sim uma multidão se sonhos,desejos,volúpias,insanidades! Sentimento mais que conflituoso que me feriu a derme,feriu-me a alma, feriu-me e se foi... E tão cedo partistes, mesmo antes que nosso amor se concretizasse! E nestes melancólicos versos confesso: Tudo não passou de um sonho, o amor era só meu e assim platônico se desfez!

Marcelo Alves

Menino na praça

De longe observava aquele menino sentado no banco da praça, calado,cabisbaixo,sofrido! Seu olhar estava voltado para o solo, seu coração certamente fechado e machucado! Fitei-o por alguns minutos, na expectativa de um gesto , um movimento mínimo que fosse, mas que pudesse expressar vida! A multidão acelerada corria sem destino,vítimas do círculo capitalista. Ninguém viu o menino, ninguém perguntou o que sentia, ou o que fazia ali estático, desamparado, sem família, sem carinho, sem comida! Todos voltados para os seus próprios passos! A sua própria vida, a sua própria e mesquinha existência! Pouco distante dali um cachorro fuçava os restos de lixo, e para sua alegria encontrara um pedaço de pão, alegria percebida pelo abanar do rabo, o cachorro abocanhou o pão e correu talvez em busca de um lugar para que pudesse comer em paz, saciar sua fome.
O anjo canino atravessou a praça também inerte a todos os olhares, seguia seu instinto a fome era tamanha... Até que deparou-se com o menino, largou o pão sobre o chão, e olhou-o com ternura, o desamparado ainda cabisbaixo não percebeu a presença do cão, este debruçou-se sobre as patas e lá ficou diante do menino por longos dois minutos, também a observá-lo, abanou o rabo, latiu, rosnou como se quisesse fazer graça,nada despertava a atenção do garoto. E de repente como se lhe viesse à mente a fome do pequeno rapaz, abocanhou novamente o pão, mas desta vez soltou-lhe sobre o colo... Eu já com lágrimas nos olhos via de longe aquela cena, e foi como se nada mais existisse, como se nada mais tivesse importância... Com o gesto, aquele que antes estava mudo para vida, deixou rolar uma lágrima que foi de encontro ao pão! O menino sorriu,acariciou o cão e partiu ao meio o pão duro! Comia como se fosse um banquete, deliciavam-se o menino e o cão! E no alto vi as nuvens chorarem de emoção, certas de que ali nascera uma grande amizade, os companheiros tornariam-se os melhores amigos! Profundamente comovido e fragilizado senti a presença de Deus. Tudo aconteceu bem diante de todos, mas estavam ocupados demais pra parar, ocupados demais para olhar o próximo... 

Marcelo Alves (29/06/2014)

quarta-feira, 26 de março de 2014

Coxas

Gosto de coxas
As coxas para mim devem ser bem torneadas, volumosas, firmes ao toque.
Coxas brancas, negras, morenas, bronzeadas...
Que me perdoem os desprovidos deste regalo que é ter coxas grossas, mas coxas devem ser assim, contrário fosse como poderia apalpá-las, encher minhas mãos de voluptuosidades, subindo e descendo e sentindo aquele sabor que só quem apalpou coxas assim sabe explicar.
Qualquer outra parte do corpo é dispensável, o conteúdo intelectual sem dúvidas conta muito, aliás é essencial, entretanto mais uma vez peço perdão aos coxos... Sem coxas não dá!
Gosto do enroscar das pernas...
De vê-las comprimindo-se uma na outra, deixando fechado qualquer espaço entre elas!
Não sei exatamente quando começou essa minha obsessão, talvez tenha sido no momento que vim ao mundo, pois se bem me recordo a primeira coisa que vi foram coxas!
Depois me botavam para dormir, sim! nas coxas.
As coxas sempre me acompanharam, e que me deem licença meus leitores, mas só em redigir esse texto fiquei pensando nas coxas de todos vocês que aqui leem meus versos.
E como diria nosso majestoso Drummond,Mas essa lua mas esse conhaque deixa a gente comovido como o diabo! 
 
Marcelo Alves

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Desencontro


Flores murcham;
Beleza se esvai
Ideias mudam;
a cabeça cai!

Amor no começo
ódio no fim...
como tudo bocejo;
amargura sem fim

Dias, meses , anos e o que foi que eu perdi?
decepção, desafeto, antes de partir;
Só não julgue o desavisado
que na vida só perde quem não tem pra onde fugir.


22/01/2014

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Pratique o desapego

Por muitas vezes nos sentimos paralíticos mediante à situações que a vida nos impõe,nos sentimos inúteis, fracos, dependentes... Mas afinal! Nascemos para a liberdade ou para cultivar as inúmeras prisões internas que colecionamos durante toda nossa vida? VIDA, palavra que tem peso! Quando consultada ao dicionário; se diz do espaço de tempo compreendido entre o nascimento e a morte! Explicação tão cruel e simplória de uma palavra que carrega consigo: experiências, sentimentos, histórias, perdas, ganhos, grandes encontros e desencontros,lutas, vitórias... Quem se limita a definição que o dicionário traz não vive a vida, vive a morte... e nada pior no mundo do que estar vivo de corpo, e morto de sentimentos e ações! Porém utilizei o conceito de vida para adentrarmos na questão do apego. Apego -Sentimento de afeição, de simpatia por alguém ou alguma coisa- apego excessivo às honrarias. ??? O que percebo é uma grande inversão de valores, apego não deveria ser sinônimo de afeição, pois a palavra afeição nos traz sensação e sentimentos humanísticos, compreensão, amizade, cooperação, etc.. Apego, em contrapartida tem um peso negativo, doloroso, a não dizer mórbido! Ao apego vem atrelado a mesquinharia, a avareza, o egoísmo... Apego a pessoas! Relação complexa entre possuidor e possuído. O possuidor não se abstém do seu ego, do seu bel prazer. Enquanto o possuído se vê aprisionado e impotente diante de tamanha deturpação. Apego ao material! Neste sentido a relação se dá de maneira individual, interna, e conflituosa. Luta constante entre as coisas terrenas e espirituais... Vemos o mundo refletir através de nossos olhos... internalizamos o externo! sim, é um grande paradoxo. O apego limita-se ao terreno, e o que é do mundo não interessa ao espirito, portanto pratique o desapego, colecione histórias ao invés de quadros, sonhos ao invés de prestações, sentimentos ao invés jóias, carinho e ternura ao invés de casas e carros. Lembre-se: As coisas do mundo terreno servem para facilitar nosso dia-a-dia, e não pra nos tornar superiores a nada e nem a ninguém. Quem cultiva o espirito, ao fim da vida ganhará luz! Quem cultiva o terreno, nada ganhará a não ser grandes tormentas! 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Arte fraca

È realmente amando que podemos nos sentir capazes de cometer as maiores loucuras,

loucuras para os normais, não para nós que amamos com a infinita chama da paixão,
com o infinito desejo de se fundir ao outro, na tentativa de se transformar em
único.
É somente amando assim que sinto meus órgãos vivos e em movimento. Movimento os

quais fazem com que minha alma se descole dos meus restos mortais e fuja para as

torres de marfim, para os castelos dos desejos mais intensos.

O amor me faz sentir ao tato leve o menor grão de areia perdido em meio ao oceano

me faz delirar, perder o chão e os sentidos, me sentir criança, me sentir menino.

Amar é doar mais que sentimentos e prazeres, é fazer a alma transcender e ascender

em busca do ilusório, do concreto ; numa dualidade mais que perfeita.

A perfeição está nos olhos de quem a vê.

É assim amar a carne do homem, os teus pecados, os teus pensamentos e desejos mais

sujos saltando aos órgãos e em seguida a derme.

Definitivamente sou eu, errado, amante dos sonhos, dos desejos, do amor.

Este meu único mal que tanto me faz chorar...




Marcelo A. 04/07/11

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Psicopatologia crônica!! ( Um mastigar pode levar ao suicídio)


Incrível como um simples mastigar pode afetar meu sistema nervoso e me deixar extremamente irritado a ponto de eu ter que levantar da mesa para não surtar!! Creio que todos temos nossas loucuras, manias ou mesmo "Toques", porém o que sinto vai além; não consigo me concentrar em nada que não seja o barulho irritante dos dentes rangendo uns contra os outros misturados aos alimentos sendo triturados... Isso me enlouquece, me enfurece, vezes que chego a arquitetar um modo para dar fim aqueles ruídos que tanto me incomodam, e já que contei-lhes até aqui eis que revelarei meu grande feito. Loucura para alguns para mim apenas alívio...
 
Domingo, 17 de abril de 1982, manhã ensolarada com poucas nuvens; dia perfeito para passear no parque ou ir a praia. O relógio despertou às 08:00 da manhã, levantei-me e fui até a janela e abri as cortinas... O dia estava radiante, pensei... Certamente hoje será um grande dia! Após o café da saí para passear com meu cachorrinho Ted, andava pelas ruas calmamente, finalmente encontrara uma cidade pacata pra viver, longe dos grandes centros urbanos e de toda aquela correria que São Paulo oferece...Naquele instante eu me senti feliz... Felicidade tamanha que me fazia esquecer de todo o processo neurológico turbulento do qual passara meses antes... Coisas terríveis aconteceram, e melhor que fiquem no passado esquecidos, guardados como os corpos dos cemitérios que findam por tempos e nunca mais são encontrados. Como dizia, o dia parecia tranquilo, nada seria capaz de aborrecer-me. Após algumas horas de caminhada resolvi sentar na praça junto com o Ted, essa praça possuía um aspecto bem familiar: crianças correndo, meninos jogando futebol, senhores e senhoras jogando dama... tudo corria bem! Instantes depois um senhor de aparência rude, pele mestiça e lábios exorbitantemente grandes, sentou-se ao meu lado, puxou assunto e começamos a conversar, conversa agradável! O senhor me fazia rir, contava-me sobre suas histórias de quando era menino, aquela situação só me alegrava... Passado alguns minutos o senhor tirou de seu bolso um pacote de bolachas e enquanto conversava comigo mastigava-as lentamente... Nesse momento já não conseguia mais prestar atenção no que dizia o senhor, apenas fitá-lo cada vez com mais ódio, seu abrir de bocas se tornou lento e eu podia calcular cada movimento daqueles dentes rangendo uns nos outros e aquele barulho aterrorizante dos alimentos sendo triturados, o conteúdo ingerido descia lentamente pela garganta eu podia ouvi-lo passar por cada parte da garganta. Parecia loucura, nada mais estava ao meu redor, soltei a coleira que prendia o Ted e ele se foi... O mundo havia parado, estávamos somente eu e o rangido dos dentes daquele velho maldito, sentia raiva, ódio, fúria; todo meu corpo tremia, aquele momento que durou apenas 15 minutos dentro de mim foram longos e dolorosos 15 dias... E foi num grito que dei conta de mim e sai correndo, mais dois minutos não sei o que faria para acabar com aquele barulho infernal... Corria, corria, batia com as mãos em minha cabeça e nada fazia parar aquele Crack-crack do mastigar. Cheguei em casa liguei os televisores, o rádio, e todos os eletroeletrônicos que encontrei, na tentativa de me livrar daqueles pensamentos... Tudo se repetiria novamente!! Deitei sobre minha cama e comecei a cantar várias músicas, falava sozinho, batia contra a parede, mas tudo que fazia era em vão, o mastigar... maldito mastigar... infernal mastigar... Não aguentava mais aquela tortura. Repentinamente me veio a mente que aquele barulho só teria fim se eu eliminasse seu emissor, aquele velho que a principio se mostrara tão simpático foi o culpado do meu descontrole... Bocas enormes começaram a aparecer na parede e mastigavam-se descompassadamente os alimentos mais barulhentos possíveis!! Seria o fim, não suportaria tamanha tortura... Levantei-me e sai na sacada, para minha surpresa aquele velho maldito acabara de comprar uma casa no bairro, era meu vizinho... Como um estalo tive a ideia... Seria mais fácil resolver o problema já que o maldito era meu vizinho... Entrei e me sentei na poltrona articulando minuciosamente como mataria o mastigar do velho. Horas se passaram e ainda sentado na poltrona pude ver que do outro lado da rua as luzes da casa se apagavam... o momento propício para por em prática meus planos... Não tinha mais noção de mim e dos meu atos, apenas o mastigar do velho passava ante os meus olhos, tremia, babava, resmungava; aquilo tinha que acabar... Fui até a casa do velho e entrei pela porta dos fundos, não tinha movimento na casa certamente o moribundo morava sozinho, também quem moraria com alguém que mastigava daquele jeito?! Subi as escadas e fui em direção ao seu quarto, a porta estava entre aberta, cuidadosamente fui entrando,e então avistei aquele corpo velho e fétido estendido sobre a cama, roncava feito um porco, aquela imagem era ainda mais horripilante com os roncos... Avistei de longe um alicate sobre a escrivaninha, este seria meu instrumento... finalmente teria paz... Aproximei-me do velho e vendei seus olhos... Ele, muito espantado começou a gritar, tampei-lhe a boca com panos... o verme se contorcia feito uma lesma sob o efeito do sal!! Tudo era pouco mediante a tortura que ele me fizera passar o dia todo... Acredito que por falta de ar, o velho desacordou, então pude tirar-lhe os panos da boca... Eis que estavam lá aqueles malditos dentes causadores do meu desespero, num gesto frio arranquei dente por dente com o alicate... e a cada dente no chão, menor era minha tormenta... quando arranquei-lhe o último vi aquela imensa boca mastigando afastar-se de mim!! Estava livre... Voltei para minha casa e finalmente pude repousar e dormir feito um anjo... O velho? O choque foi tamanho que perdeu a voz, agora ele era o louco... E eu recobrei a minha paz!
 
                                                                                                                                        (Marcelo Alves)

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Baloeiro


Numa noite dessas de verão, vi em meio ao céu um balão à ascender ,e amarrado a ele, letras que formavam um nome, trataria-se certamente da amada do soltador de balões.


O balão subia e dirigia-se ao norte levado pelo vento ameno do verão; todo enfeitado, flamejante, e envolto por luzes que mais se assemelhavam a rubis. E dentro dele todo o amor de um baloeiro.
Mais tarde nessa mesma noite, os amantes se encontrariam e se amariam ardentemente, pois a amada nunca recebera tamanha prova de amor, mal sabendo o baloeiro e sua amada que algumas horas depois o balão caíra, ardente e flamejante, mas com outra cor,intensidade,e com sentimentos apagados... Ardia o coração de uma pobre mãe, que perdera seu filho de apenas 3 anos, vítima das chamas. A casa, os móveis, os documentos...Nada! Nada lhe importava;apenas a dor e o questionamento invadiam-lhe o peito e a mente! Os amantes viveriam juntos por apenas 1 ano, e a mãe que perdera seu filho uma eternidade de lágrimas,incertezas e principalmente almejando justiça...

Marcelo Alves (31/07/2013)

terça-feira, 25 de junho de 2013

Notas da felicidade

 Que a vida seja completa,
 não pelo que esperamos que ela nos proporcione,
 mas pelo que ela nos oferece. 
Que sejamos capazes de torná-la completa...
Mesmo que severa.
 Um riso provoca outro! 
A lágrima provoca mais lágrimas... 
Somente um ser feliz pode fazer o outro à sê-lo! 
Por isso...
 Ame,
 Cante,
 Viva,
 chore...
Acima de tudo sorria!
 Sempre enxergando a vida completa que possui. 

(Marcelo santos)

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Outrora

Quisera eu voltar aos tempos primeiros:
primeiro olfato
primeiro paladar
primeiro tato
primeiro beijo
primeiro afago
primeiro sonho
primeiro amor
primeiro medo
primeiro... primeiro...primeiro...
Pois tudo que vêm em segundo jaz não possui o mesmo sabor!


Marcelo Alves

terça-feira, 16 de abril de 2013

Contrato com a morte



Esta manhã meio fatigado botei-me a indagar sobre as intempéries da vida e logo me veio em mente que bom mesmo seria ter um contrato sólido com a morte, neste contrato já no instante de nosso nascimento programaríamos uma data, uma hora e um local adequado para nossa morte e que fosse imprescindível uma cláusula onde pudéssemos escolher a maneira como ela viesse. Claro imaginem vocês eu com toda minha alvura e beleza atenuante sendo atropelado por um trator! Seria minimamente trágico, ou ainda que meu corpinho sarado engolisse litros e mais litros de aguá até semelhar-se á um peixe-boi? Não! Não! seria deselegante. Em último caso mesmo seria meu corpo em chamas... Ui! É como se só de falar já pudesse sentir a extrema dor do fogo rasgando minha pele. Assim também não dá! Pensando bem acho que um desastre de avião seria o ponto x. Imaginem vocês eu irreconhecível prostrado em meio à mata atlântica? Deixa pra lá, essa morte também não seria muito agradável, aliás, nada que desfigure meu belo rostinho, isso inclui acidente de moto, carro, lancha, saltar de paraquedas e ele não abrir, saltar de asa delta e as asas romperem e eu despencar de metros de altura. Bom mesmo seria dormir e simplesmente morrer! Mas, esperai! morrer sem ao menos ver minha linda imagem pela última vez? Por mais que não doa não quero morrer desse jeito...  Bom está um pouco difícil encontrar a maneira como quero morrer então comecemos pelo dia, mês, ano e horário de meu óbito. Penso no dia 13 gosto muito desse número, o Mês pode ser o próprio do meu nascimento: Janeiro, o ano é um fator importantíssimo e determinante, afinal escolhendo o ano posso escolher quantos anos viverei! Isso me agrada até certo ponto, não quero morrer velho demais com toda minha pele flácida, recaída. Isso faria com que eu perdesse meu semblante harmonioso. Mas bem como se trata de um contrato em que ambas as partes devem estar satisfeitas deixarei que a morte escolha a idade, entretanto não abro mão da maneira como ela virá. È mais difícil do que eu pensava escolher a maneira como se quer morrer, então voltemos a falar do horário; quero que seja de madrugada, gosto desse ar sombrio que só a noite possui que seja preferencialmente às 02h45min PM. Então seria mais ou menos assim:
– Eu João Francisco de Albuquerque, nascido em 20 de janeiro de 1899 às 12h00min no estado de São Paulo, Filho de Margarida Albuquerque e Alberto Francisco de Albuquerque, em total acordo com a morte deixo assinado, conforme todas as clausulas abaixo, a escolha do dia do meu óbito que será em 13 de janeiro do ano escolhido pela morte às 02h45min da madrugada.

  Como em todo contrato havia pequenas letras no rodapé do contrato que diziam: sou a morte e virei quando menos esperares e da maneira como eu bem desejar, este contrato serve apenas para fins de conforto do próprio ego. Não aceito reclamações futuras jaz que sua alma poderá estar em qualquer plano, e meu serviço não inclui conexões de alta escala, este serviço poderá ser solicitado em outros departamentos após sua morte. È um prazer tê-lo comigo...

E sem ler João Francisco assinou o contrato com a morte mal sabendo que esta preparara para ele o fim mais trágico possível: João faleceu aos 85 anos de idade com a pele flácida e recaída, no dia 15 dezembro de 1984 às 16:00 atravessando uma rua do centro de São Paulo, sua face ficou totalmente desfigurada, uma de suas pernas foi encontrada do outro lado da calçada, estava usando um suéter roxo e uma camiseta com os seguintes dizeres: Tenho a morte sob controle.  João foi enterrado como indigente no cemitério central e seu corpo foi devorado por insetos , sua alma só Deus sabe, pois como a própria morte disse, isso pertence á outro departamento.                             

Marcelo Alves           

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Poesia


A poesia dá voz ao meu coração e dilacera minhas mágoas mais intrínsecas.
sou anjo recolhido, menino travesso que no auge de um beijo eterniza a sensação.
Poesia é luz 
Poesia é sonho
Poesia é beijo
Poesia é invasão.
Poesia é talvez.
Poesia é travessão.
E nessa inconstância, digo que te amo mais do que possa traduzir meu coração.



                                                                    (Marcelo Alves) 23/02/2013  

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A ESTRELA DO MEU TEXTO


Sentado à espera do ônibus, como sempre costumo fazer observava a fisionomia de cada um daqueles que estavam a sua espera, nada me chamava atenção naqueles rostos cansados, alguns aparentemente vindo do trabalho, outros jovens uniformizados com certeza vindo de suas escolas ou indo para elas, dois idosos e perto da calçada dezenas de pombos beliscando os pequenos grãos de comida que ali deixavam cair quem passava, em determinado momento caminhava em direção ao ponto de ônibus uma mulher de estatura magra e pálida, e agarrada a uma de suas mãos uma criança, esta comia um salgado, entretanto de onde eu estava não pude enxergar muito bem, mas creio se tratar de uma coxinha . Pois bem, por descuido a criança deixou cair em meio a valeta sua deliciosa coxinha, a mãe irritada com ocorrido deu-lhe algumas palmadas, e logo abriu-se o berreiro.
Sobretudo, caros leitores, esta criança não é a estrela deste texto, e sim, um dos idosos que citei acima. Tratava-se de uma senhora baixinha, de rosto enrugado maltratado pelo tempo, cabelos brancos, alvos como algodão; olhos quase fechados que revelavam sua origem oriental. A graciosa senhorinha carregava um carrinho de feira vazio e algumas sacolas plásticas, suas vestes eram simples; característica impar daqueles que não se importam com requintes e superficialidades.
Ao ver a coxinha caída na valeta, em meio a água, os pombos vieram todos afoitos beliscar a nova guloseima, porém logo perceberam a dificuldade. A coxinha estava em meio a poça de água o que dificultava o contato direto com o alimento, como se pensasse, um pombo andou de um lado para o outro procurando a melhor maneira para matar sua fome. Vendo essa situação embaraçosa a senhorinha se levantou do assento e foi em direção à valeta e aos pombos, e para a surpresa de todos; a boa senhora enfiou suas mãos pequeninas e enrugadas na poça lodosa e retirou a coxinha que tanto os pombos almejavam e lançou-a à calçada, fazendo a alegria das dezenas de pombos. Não demorou muito o ponto de ônibus estava repleto de pombos; neste momento se aproximava o ônibus que conduziria nossa boa velhinha ao seu destino. Ela entrou no transporte e se foi com um sorriso satisfeito no rosto, e nós que ali permanecíamos sentados, observávamos e analisávamos àquela situação tão simples que chamou à atenção de todos e mais que isso, se tornou a estrela do meu texto.

                                                          Marcelo Alves 05/02/2013                                                           

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Noite de Natal






Noite de Natal

     Este ano diferente dos outros, seria a primeira vez que passaríamos o natal em família, momento único em minha casa; por diversas vezes mamãe tentou reunir a todos, mas sempre em vão... Ora meu pai trabalhava à noite, ora meus irmãos viajavam com a família de suas namoradas, nunca entendi muito bem, afinal a noite de natal para mim era mágica, era a noite em que todos os sonhos poderiam se realizar, noite em que todos os familiares deveriam se reunir sentados à mesa, todos juntos compartilhando de um momento tão único e singular.
     Na minha meninice enquanto todos iam pra cama, eu me levantava, e sentava à soleira da porta; na expectativa de ver o papai Noel chegando em meio às luzes das estrelas com seus presentes trazidos num grande saco vermelho, em minha mente ele desceria pela chaminé, colocaria sob a árvore de natal um presente para cada um de nós, e ao sair deixaria vestígios de neve pelos cantos da casa... Isso nunca aconteceu, mas todos os anos minha esperança de menino se renovava e por muitos anos me vi assim sentado à soleira da porta à espera do meu presente, do meu momento singular.

     Hoje já não sou mais um menino e sei que papai Noel não existe, mesmo assim quando vejo outras crianças repetirem o mesmo que eu, não tenho coragem de quebrar-lhes o encanto, pelo contrário, sento-me admirando-os e vendo neles minha infância à espera da noite de natal.
     Enquanto escrevo estas linhas posso perceber o movimento na sala de jantar, todos os familiares estão chegando, pode-se ouvir o choro das crianças, as altas gargalhadas da tia Marta, e até mesmo o latido do cachorro do tio Mário, sim amigos, está acontecendo... chegou a noite de natal.
     Dirige-me a sala de jantar e para minha surpresa pela primeira vez estavam todos lá, TODOS! Sem exceção... A meia noite se aproximava... Num canto da sala a árvore de natal brilhava iluminando nossos olhos, no outro canto rente à porta o presépio estava montado guardando o nosso sagrado menino Jesus.
     Enfim o momento chegou, sentamos todos em círculo, éramos quinze ao total. Na mesa dispostos os pratos, os talheres, os copos, os guardanapos todos felizes por compartilharem também daquele momento. A meia noite demos início à ceia, a mesa estava composta por frutas, doces e tudo que se podia imaginar, enquanto saboreávamos a ceia olhávamo-nos com mil palavras no olhar, todos sabíamos e sentíamos a importância daquele momento.
      Ao término as crianças correram para abrir seus presentes, os adultos foram para varanda papear; e na cozinha a louça já limpa dançava dentro do armário feliz por ter feito parte de um momento tão único entre nossa família. Então eu me dirigi ao quarto e sentado diante da máquina de escrever lágrimas cristalizadas escorreram sobre minha face, e datilografando jurei a mim mesmo que jamais me esqueceria daquele Natal, e tenho a certeza de que todos sentiram a mesma coisa. Minha família não tem posses, nem grandes ambições, nós buscamos apenas a felicidade plena, a prosperidade em nosso lar, o sorriso ingênuo nos rostinhos de nossas crianças. E digo a todos vocês que leem agora minhas simples palavras estejam certos de que somente a união familiar é capaz de destruir e vencer qualquer obstáculo... UM FELIZ NATAL A TODOS!!! 

                                                                                                                   Marcelo Alves


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Chuva de Verão



Depois de tantas primaveras me peguei novamente olhando do alto da sacada a chuva cair, mas desta vez notei que do outro lado da rua um menino, ainda de chupeta, também a observava, foi então que me dei conta que eu já não era mais um menino; aquele menino que mesmo assustado com o barulho dos trovões, sentia a magia da chuva e se deliciava com cada chuvisco que lhe escorria sobre a face; aspirava o cheiro da terra fresca e molhada, o doce perfume das plantas e flores que exalam no ar como para purificar o universo. Elevava-me a alma ao céu, ao extremo, ao infinito numa verdadeira fusão entre mim e os elementos da natureza, a compreensão de que Deus estava em todas as coisas, em todos os lugares, e em cada gota de chuva.
Fitei o garoto por alguns minutos e pude observar que ele sentia as mesmas sensações que eu senti quando menino, por instantes me comovi, pois percebi o quanto o tempo corrompe nossa alma e acaba sempre nos levando a sensibilidade, a capacidade de perceber que a grandeza das coisas está nos detalhes mais singelos.
Quando criança acreditava que cada gota de chuva carregava consigo um segredo, e que estes segredos eram as chaves para a felicidade plena, neles a capacidade de despertar no homem à vontade de viver, sim, pois água é vida! Este bem mais natural.
Alguns minutos se passaram e o menino do outro lado da rua ainda estava estático a observar a chuva, como num relance recobrei meus sentidos, e não vendo mais o garoto aludi que todo o tempo aquele menino era eu, as memórias então se fizeram mais fortes e assim lembrei que tudo o que presenciara até então fazia parte da minha vida.  A chuva de verão se foi e surgiu no céu um belo arco-íris e presumo que assim como eu o fiz um dia milhares de crianças em todo o mundo estarão a sentir e indagar sobre segredo da chuva...

                                                                                                  Marcelo Alves

sábado, 15 de setembro de 2012

Café da tarde






Hoje senti saudade das meninices, das brincadeiras e da felicidade plena,
Aquela felicidade simples e sem constrangimentos.
Saudade das tardes alegres e inocentes e

de ver o por sol sentindo-o na sua grandeza
Saudade mãe do momento que sentávamos à mesa pra tomar café
Gosto doce que guardo na lembrança até hoje...
Gosto de carinho, de afeto, ternura...
Ah mãe como o tempo é efêmero
Ah  minha mãe se pudéssemos retroceder ao tempo.
Certamente estaria mais feliz, cabeça leve de criança que só quer brincar.
Que hoje tão repleta só trabalha, come, dorme, trabalha, come e dorme.
E o tempo passando...
E o sonho se indo
E o fel aumentando
Que desespero! A criança sumindo...

                                                                                 Marcelo Alves 

domingo, 26 de agosto de 2012

Balé dos loucos



 Não, Caro leitor amigo, não tente aqui me convencer do contrário.
 Convencer-me de que não sou louco, ébrio, repulsivo.
Não venha caro leitor amigo dizer-me que meus devaneios são desocupações, superfluidade e que minha insanidade é fruto da minha mais alta imaginação.
 Não seja ingênuo caro leitor amigo, seja antes um observador atento a todos os meus passos, mas advirto-lhe...
Cuidado! muito Cuidado!
 Não se aproxime tanto da zona de perigo da minha mais inconstante emoção, sou louco, neurótico, possessivo, extremo.
Não, caro leitor amigo! Tratamento não resolveria este mal eterno, sou hipocondríaco, depressivo, irremediável.
Não, caro leitor amigo não pense que sou triste ou melancólico.
Não vim aqui lhe representar um espetáculo de teatro tão pouco te fazer rir da minha sina.
Vim antes amigo, fazer-te um convite.
Sim! Um convite.
Venha mergulhar sem medo nos amores, nas paixões, na loucura, na insanidade, no prazer absoluto, na carne aberta, na total depreciação do ser.
Venha se remediar com o meu desespero com o meu riso camuflado.
Venha caro leitor amigo e convide os seus, pois já está aberta a temporada do balé dos loucos...

                                                                                                                  Marcelo Alves 24/08/12

terça-feira, 10 de julho de 2012

O Vinho


E foi prostrado a meia luz que experimentou o outro lado
Não tinha forças pra relutar
Sorriu, chorou, sofreu, mas foi maior o desejo que lhe perdeu.
Perdeu os sentidos
Perdeu o tato
Perdeu o mando
Caiu na luxuria, no pecado.
Sentiu-se forte, sobretudo viril.
As carnes todas tremiam
O suor corria seu pescoço em encontro ao chão.
Não, não era ilusão, fascinação.
Era tesão, desdobramento da alma.
Esconderijo de todos os pudores, do libido
Os olhos saltavam em movimentos ritmados
O fôlego lhe saia das ventas e cheiravam sua própria essência
Ébria
Suja
Perversa.
Não soube explicar
Todo o seu corpo era sexo!
Todo seu pensamento era pecado!
E foi Tarde descobrir que toda aquela mudança teria sido fruto do liquido ingerido...
                                                     
                                                                                    Marcelo Alves        14/06/2012

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Acaso

Eu não tenha a quem dizer
Eu não tenha o que sentir
Eu não tenha seu prazer
Eu não tenha que iludir

Minha prosa seja forte!
Minha arte seja nua
Meu pasto tenha sorte
Meu sonho não destrua

Meu amor seja verdadeiro
Minha magoa seja esquecida
                                                                                    Meu pranto seja derradeiro
                                                                                    Minha face seja reconhecida

                                                                                    A vida seja morte
                                                                                    A morte seja vida
                                                                                    A lágrima faça pote
                                                                                    A dor seja híbrida
                                                                                    [
                                                                                    Só tenho medo de que seja apenas o acaso!]


                                                                        Marcelo A. 08/06/12

Gafanhotos


 Num ímpeto proibido descobriu-se libido.
De um lado consciente do outro a interrogação.
Tão incerto e pueril, o que havia acontecido?
Coisa de outro mundo, pura ilusão!
 A cidade era só agito
Nunca ninguém teria visto
Era alma mesma se unindo
Da mesma fonte provindo.
A tristeza rondava os corações
 Era aflição noite e dia...
Risos! ofensas! degradações!
Numa infinita descortesia.
Choravam num canto os gafanhotos
Prostrados aos olhares de condenação
Sentiam-se tão pequeninos quanto um grão. 
Compreensão vinha de poucos.
As águas Correram lentamente E os gafanhotos juntos. 
Provou-se que não era coisa da mente 
Hoje os gafanhotos são mais um entre tantos...

                                                                                                       Marcelo A.

Faustos



 Ai de mim que me rendi aos prazeres terrestres, que amei, que gozei do luxo, que pequei e que odiei na mesma intensidade, arrependimento? Não, não há! Há o medo do que virá, do alto preço que a mim será cobrado.
Ai de mim que jaz não tenho alma, alma que se perdeu em meio aos detritos do inferno quando lá vaguei por horas infindas.
 Ai de mim criatura pequena que sou, volúvel, sentimental e melancólica.
Ai dos faustos que assim como eu venderam suas almas ao Diabo!
 Ai das pobres prostitutas que se vendem por dinheiro! que já têm sua alma leiloada.
 Ai dos alcoólatras e drogados errantes que pairam sem destino todos já desgraçados e sem salvação. Não, não tente salva-me, todo meu ser e meu espírito estão destinados ao sofrimento eterno, fruto da minha mais alta ambição.
Ai dos olhos puros vociferando preces em meu nome!
Ai das mulheres que cometem aborto!
 Ai das pessoas que cometem crimes hediondos!
Ai da natureza que jaz esquálida e morta reflete apenas nosso subconsciente!
Ai do céu que jaz vermelho sangra perdão!
Ai da terra que se abre aos meus pés!
Ai do vento que sopra palavras insanas aos meus ouvidos!
Ai do fogo que consome meu ventre perfurado!
 Ai dos poetas que aqui tentam alegrar-me.
 Ai das religiões que jaz não prega a verdade!
 Ai dos corruptos no poder.
Ai do pedófilo! do louco! do insano!do masoquista!do assassino! que mesmo não vendendo suas almas ao Diabo, são faustos assim como eu, e jazem condenados...

                                                                                                       Marcelo Alves 19/06/12

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Almoço em familia

Hoje diferente das outras reuniões familiares, senti-me como se deveras fizesse parte do ambiente, o choro das crianças não me irritava, as gargalhadas das tias não me incomodaram, as conversas foram leves e espontâneas, até rir junto com eles eu ri.
nada de novo aconteceu, pra falar a verdade, acho que pela primeira vez eu estava aberto ao diálogo e pela primeira vez me permiti fazer parte daquele momento tão único.
O dia correu as mil maravilhas, até o livro que havia levado permaneceu intacto na estante, sim! porque já fui preparado para um dia massante. me enganei. e que bom engano.
Chegamos às 10:30 sentamos todos conversando, pegamos algo para beber , e logo começamos a "papiar". Ao meia dia o almoço estava quase pronto. os pratos, os talheresos copos, os guardanapos todos postos felizes à mesa para compartilharem também daquele momento, todos alinhados compondo a alegria de um almoço em família.
após o almoço passamos para a sobremesa todos a saboreá-la com ar de felicidade,ao término, nos dirigimos à sala e assistimos ao filme " Antes de partir", fizemos comentários, rimos, nos emocionamos, choramos e todos sentimos ao mesmo tempo que aquela emoção não vinha somente do filme, mas também do saber que estavamos ali pela primeira vez reunidos, alegres e na mesma sintonia.
Do outro lado da casa, os pratos e os talheres já limpos dançavam dentro do armário felizes por terem feito parte de um momento tão único entre a nossa familia.
Às 19:00 o dia já havia acabado e eu estava cá em minha casa sentado diante a máquina de escrever a datilografar as minhas memórias...
são detalhes tão simples que não enxergamos, que ora deixamos passar, ora não damos a minima importância.
Mesmo que sua familia seja chata, conservadora; mostre que você é diferente e que é capaz de quebrar essa barreira e trazê-los para si.

Marcelo 07/04/12

quarta-feira, 28 de março de 2012

Diálogo abominável.

- Meu coração ora vibra,ora pulsa
como se expurgassem meus homunculus
todos trepidantes à atingirem o ápice
de uma insanidade sexual
- Mas não pode.
- faz parte de mim, fazer oque?
-mudemos a prosa.
-ok.
- Tu tens?
- Não tenho
- Tu tens?
- Não tenho
- Eu Tenho.
- Então eu quero!
Mais e mais...
- De novo no mau hábito.
- É mais forte que eu.
-Mudemos novamente a prosa.
-ok.
- Tome experimente.
-Tudo?
- Não, né!
- Mas não consigo se não for tudo.
- Assim suas chances de salvação são mínimas.
- E daí.
- ...
-Começaremos novamente.
-ok.
-Vais fazer?
Não!
Por que?
- Sem vontade.
-Desisto!
-não! espere.
-Cansei... está dito.
- Odeio-te! odeio-te!
- E ainda queria que eu não desistisse?
-Voce me tirou do sério.
-Não posso fazer nada!
- Vá então! desapareça. Eu e meu espelho somos felizes juntos
- Não precisamos de você.
- Morte eterna!
- O que?
- Tu Terás!
-ok.
-...
-...

Marcelo 28-03-12

domingo, 18 de março de 2012

"Poesia Erótica"

No inicio nos olhávamos inquietos
Voluptuosos, delirantes e promíscuos.
Nos Afastávamos um do outro, como a vida que se afasta da morte.
Sexo diante de sexo!
Olhos dentro de olhos!
Pele recostada sobre pele!
Logo a sensação do perigo nos excitava
Nos sentíamos ébrios e perdidos.
As carnes tremiam!
As coxas se dilatavam freneticamente.
Todas em movimentos ritmados.
Não pronunciávamos palavra alguma,
Apenas suspiros pairavam sobre o ar.
Por alguns minutos nos aproximamos e ficamos frente a frente,
Sentindo o pecado rasgando nossa pele e fazendo pulsar nossas veias.
Prestes a cometermos o mais luxurioso ato.

E assim no auge da volúpia, nos entregamos ao pecado.
E sem nenhum pudor; Finalmente damos nossas mãos.
Assim consumamos o ato mais erótico de nossas vidas...



Marcelo Alves 18/03/2012

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O amor através da lupa

Estava em casa sem muito o que fazer, então resolvi ler alguns textos na Internet, como sempre textos reflexivos sobre o amor e as suas faces, engraçado, sempre me pego no mesmo ponto, fazendo as mesmas críticas e indagações, e conclusão! nunca encontro solução alguma. Não que eu procure respostas ou um santo remédio para encontrar o amor da minha vida, isso até parece romântico!
Contos de fadas! Amores eternos! Cada coisa...
Mas não é essa ainda a questão que venho abordar, e sim, a respeito da maneira como as pessoas “românticas” agem.
Não é fazendo a linha solitária que alguém vai parar na sua frente, irá sentir peninha de você e logo virá o amor. Desista! Isso não existe.
Há ainda aqueles que se fazem de descolados, ou "não to nem ai pra ninguém", e por dentro morrendo de vontade que alguém olhe ao menos para o tênis novo que ele comprou, estes são os mais idiotas, acreditam piamente que estão abalando, mas no máximo conseguem pensamentos como: Que cara idiota! Nossa olha só aquilo, "nem se acha", ou até mesmo essa que eu adoro usar, se “impinar” mais um pouco o nariz cairá de costas... Hahahaha
Os mais engraçados são aqueles que vão para as boates e dançam como loucos olhando para todos os lados como se fossem ventiladores descontrolados, estes eu adoro, quando dançam parecem que estão em um ritual cabalístico ou realizando a dança do acasalamento.
Há os tímidos, estes são tão fofos, mas quase sempre acabam sozinhos! Oh tristeza... Mas deveriam saber que a ousadia excita e que as pessoas gostam disso, OBS: não confundir com “tagarelismo”, tenho inclusive alguns amigos que querem tanto, mais tanto chamar atenção da “vitima”, que chegam no limite da tolerância, acabam falando o que não devem. Saiba! Nunca diga aquilo que você acha por eventualidade ser o correto, ainda mais se estiver de olho na pessoa, existem verdades e verdades, seja flexível!
Sem rotulação de bonito ou feio, magro ou gordo, simpático ou amargo, careta ou liberal, satanista ou evangélico e etc...
O que todos procuram é o amor, mas esperam que ele venha numa garrafa esverdeada trazida pelo mar, escrita com os seguintes dizeres: “demorei,mas cheguei sou o amor da sua vida e não sairei mais dela!”, ora francamente, vivemos atualmente na era da solidão, uma solidão absoluta e angustiante.
Solitário andando por entre as gentes, sempre estamos com tantas pessoas, e encontramos tantas pessoas, nos trens, nos ônibus, nas ruas, nas escolas, nas Universidades, nos bares, enfim... consegue perceber, quanta gente existe no mundo?E por que a solidão? E por que imaginar que o amor não nasceu pra você? Ou ainda que não existe a pessoa ideal. Está na hora de parar com a fantasia, e enxergar oque esta à frente.
Pare de buscar a perfeição, ou se preferir crie um robô ou compre um boneco (a) inflável, esteja atento aos sentimentos, ao tato, ao cheiro, ao olhar, são essas características que nos levam a amar alguém, e não porque ela usa grifes, roupas dos mais diversos estilos e cores, não pelo carro que ela possui, ou até mesmo porque ela fala bonito, tem boa profissão! Na hora de amar estes são apenas detalhes, e outra você não irá pra cama, com as grifes, com o carro e nem com a profissão do outro. A não ser que tenha um espírito materialista mais que aflorado a ponto de se masturbar e sentir prazer sobre os objetos.E que tristeza existe “gentes” assim!
Sites de relacionamento na Internet? STOP, PLEASE! Vamos pensar juntos, alguém que busca refugio na Internet pra conhecer alguém certamente possui alguma dificuldade de se relacionar socialmente, então ela precisa desse primeiro momento para mostrar a você o que que ela deseja mostrar e somente isso, ou você acha que alguém irá dizer: Oi sou psicopata, quero matar você e chupar seus ossos, ou mesmo dizer: Oi sou um pervertido sexual, e assim que a encontrar irei estuprá-la. Posso falar com propriedade. Acreditem!!
Não faça a “Sandy” como dizem usualmente. A romântica, A meiga, isso é tão patético! Sair com alguém, e na primeira semana esperar que ela diga: Hey te amo!!
Basicamente o sexo vem primeiro, intertextualizando com a maravilhosa música da Rita Lee, sexo antes, amor depois. Trate primeiramente de ser bom de cama, depois o resto se encaixa, falando abertamente, sem pudores ou frescuras, as pessoas querem é se sentir satisfeitas, com a alma limpa, o que ocorre depois do orgasmo! Ai sim; em seguida é que vem a ternura e o cheirinho do parceiro! Hehe, a melhor parte é dormir de conchinha... É tão romântico!
Não pensem que sou um cético no amor, frio, ou amargurado, apenas costumo agir com bom senso, a solidão existe, mas depende de nós colá-la no seu devido lugar.
Não tenha medo de ser ridículo, de risada de si mesmo, dos seus defeitos, tome guaraná de colher, chupe os ossos da carne, os dedos, se lambuze comendo hot-dog; seja bem humorado, sorria e faça as pessoas sorrirem também! Um belo dia isso levará ao seu amor...

Marcelo A. 06/07/11