segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Pratique o desapego

Por muitas vezes nos sentimos paralíticos mediante à situações que a vida nos impõe,nos sentimos inúteis, fracos, dependentes... Mas afinal! Nascemos para a liberdade ou para cultivar as inúmeras prisões internas que colecionamos durante toda nossa vida? VIDA, palavra que tem peso! Quando consultada ao dicionário; se diz do espaço de tempo compreendido entre o nascimento e a morte! Explicação tão cruel e simplória de uma palavra que carrega consigo: experiências, sentimentos, histórias, perdas, ganhos, grandes encontros e desencontros,lutas, vitórias... Quem se limita a definição que o dicionário traz não vive a vida, vive a morte... e nada pior no mundo do que estar vivo de corpo, e morto de sentimentos e ações! Porém utilizei o conceito de vida para adentrarmos na questão do apego. Apego -Sentimento de afeição, de simpatia por alguém ou alguma coisa- apego excessivo às honrarias. ??? O que percebo é uma grande inversão de valores, apego não deveria ser sinônimo de afeição, pois a palavra afeição nos traz sensação e sentimentos humanísticos, compreensão, amizade, cooperação, etc.. Apego, em contrapartida tem um peso negativo, doloroso, a não dizer mórbido! Ao apego vem atrelado a mesquinharia, a avareza, o egoísmo... Apego a pessoas! Relação complexa entre possuidor e possuído. O possuidor não se abstém do seu ego, do seu bel prazer. Enquanto o possuído se vê aprisionado e impotente diante de tamanha deturpação. Apego ao material! Neste sentido a relação se dá de maneira individual, interna, e conflituosa. Luta constante entre as coisas terrenas e espirituais... Vemos o mundo refletir através de nossos olhos... internalizamos o externo! sim, é um grande paradoxo. O apego limita-se ao terreno, e o que é do mundo não interessa ao espirito, portanto pratique o desapego, colecione histórias ao invés de quadros, sonhos ao invés de prestações, sentimentos ao invés jóias, carinho e ternura ao invés de casas e carros. Lembre-se: As coisas do mundo terreno servem para facilitar nosso dia-a-dia, e não pra nos tornar superiores a nada e nem a ninguém. Quem cultiva o espirito, ao fim da vida ganhará luz! Quem cultiva o terreno, nada ganhará a não ser grandes tormentas! 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Arte fraca

È realmente amando que podemos nos sentir capazes de cometer as maiores loucuras,

loucuras para os normais, não para nós que amamos com a infinita chama da paixão,
com o infinito desejo de se fundir ao outro, na tentativa de se transformar em
único.
É somente amando assim que sinto meus órgãos vivos e em movimento. Movimento os

quais fazem com que minha alma se descole dos meus restos mortais e fuja para as

torres de marfim, para os castelos dos desejos mais intensos.

O amor me faz sentir ao tato leve o menor grão de areia perdido em meio ao oceano

me faz delirar, perder o chão e os sentidos, me sentir criança, me sentir menino.

Amar é doar mais que sentimentos e prazeres, é fazer a alma transcender e ascender

em busca do ilusório, do concreto ; numa dualidade mais que perfeita.

A perfeição está nos olhos de quem a vê.

É assim amar a carne do homem, os teus pecados, os teus pensamentos e desejos mais

sujos saltando aos órgãos e em seguida a derme.

Definitivamente sou eu, errado, amante dos sonhos, dos desejos, do amor.

Este meu único mal que tanto me faz chorar...




Marcelo A. 04/07/11

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Psicopatologia crônica!! ( Um mastigar pode levar ao suicídio)


Incrível como um simples mastigar pode afetar meu sistema nervoso e me deixar extremamente irritado a ponto de eu ter que levantar da mesa para não surtar!! Creio que todos temos nossas loucuras, manias ou mesmo "Toques", porém o que sinto vai além; não consigo me concentrar em nada que não seja o barulho irritante dos dentes rangendo uns contra os outros misturados aos alimentos sendo triturados... Isso me enlouquece, me enfurece, vezes que chego a arquitetar um modo para dar fim aqueles ruídos que tanto me incomodam, e já que contei-lhes até aqui eis que revelarei meu grande feito. Loucura para alguns para mim apenas alívio...
 
Domingo, 17 de abril de 1982, manhã ensolarada com poucas nuvens; dia perfeito para passear no parque ou ir a praia. O relógio despertou às 08:00 da manhã, levantei-me e fui até a janela e abri as cortinas... O dia estava radiante, pensei... Certamente hoje será um grande dia! Após o café da saí para passear com meu cachorrinho Ted, andava pelas ruas calmamente, finalmente encontrara uma cidade pacata pra viver, longe dos grandes centros urbanos e de toda aquela correria que São Paulo oferece...Naquele instante eu me senti feliz... Felicidade tamanha que me fazia esquecer de todo o processo neurológico turbulento do qual passara meses antes... Coisas terríveis aconteceram, e melhor que fiquem no passado esquecidos, guardados como os corpos dos cemitérios que findam por tempos e nunca mais são encontrados. Como dizia, o dia parecia tranquilo, nada seria capaz de aborrecer-me. Após algumas horas de caminhada resolvi sentar na praça junto com o Ted, essa praça possuía um aspecto bem familiar: crianças correndo, meninos jogando futebol, senhores e senhoras jogando dama... tudo corria bem! Instantes depois um senhor de aparência rude, pele mestiça e lábios exorbitantemente grandes, sentou-se ao meu lado, puxou assunto e começamos a conversar, conversa agradável! O senhor me fazia rir, contava-me sobre suas histórias de quando era menino, aquela situação só me alegrava... Passado alguns minutos o senhor tirou de seu bolso um pacote de bolachas e enquanto conversava comigo mastigava-as lentamente... Nesse momento já não conseguia mais prestar atenção no que dizia o senhor, apenas fitá-lo cada vez com mais ódio, seu abrir de bocas se tornou lento e eu podia calcular cada movimento daqueles dentes rangendo uns nos outros e aquele barulho aterrorizante dos alimentos sendo triturados, o conteúdo ingerido descia lentamente pela garganta eu podia ouvi-lo passar por cada parte da garganta. Parecia loucura, nada mais estava ao meu redor, soltei a coleira que prendia o Ted e ele se foi... O mundo havia parado, estávamos somente eu e o rangido dos dentes daquele velho maldito, sentia raiva, ódio, fúria; todo meu corpo tremia, aquele momento que durou apenas 15 minutos dentro de mim foram longos e dolorosos 15 dias... E foi num grito que dei conta de mim e sai correndo, mais dois minutos não sei o que faria para acabar com aquele barulho infernal... Corria, corria, batia com as mãos em minha cabeça e nada fazia parar aquele Crack-crack do mastigar. Cheguei em casa liguei os televisores, o rádio, e todos os eletroeletrônicos que encontrei, na tentativa de me livrar daqueles pensamentos... Tudo se repetiria novamente!! Deitei sobre minha cama e comecei a cantar várias músicas, falava sozinho, batia contra a parede, mas tudo que fazia era em vão, o mastigar... maldito mastigar... infernal mastigar... Não aguentava mais aquela tortura. Repentinamente me veio a mente que aquele barulho só teria fim se eu eliminasse seu emissor, aquele velho que a principio se mostrara tão simpático foi o culpado do meu descontrole... Bocas enormes começaram a aparecer na parede e mastigavam-se descompassadamente os alimentos mais barulhentos possíveis!! Seria o fim, não suportaria tamanha tortura... Levantei-me e sai na sacada, para minha surpresa aquele velho maldito acabara de comprar uma casa no bairro, era meu vizinho... Como um estalo tive a ideia... Seria mais fácil resolver o problema já que o maldito era meu vizinho... Entrei e me sentei na poltrona articulando minuciosamente como mataria o mastigar do velho. Horas se passaram e ainda sentado na poltrona pude ver que do outro lado da rua as luzes da casa se apagavam... o momento propício para por em prática meus planos... Não tinha mais noção de mim e dos meu atos, apenas o mastigar do velho passava ante os meus olhos, tremia, babava, resmungava; aquilo tinha que acabar... Fui até a casa do velho e entrei pela porta dos fundos, não tinha movimento na casa certamente o moribundo morava sozinho, também quem moraria com alguém que mastigava daquele jeito?! Subi as escadas e fui em direção ao seu quarto, a porta estava entre aberta, cuidadosamente fui entrando,e então avistei aquele corpo velho e fétido estendido sobre a cama, roncava feito um porco, aquela imagem era ainda mais horripilante com os roncos... Avistei de longe um alicate sobre a escrivaninha, este seria meu instrumento... finalmente teria paz... Aproximei-me do velho e vendei seus olhos... Ele, muito espantado começou a gritar, tampei-lhe a boca com panos... o verme se contorcia feito uma lesma sob o efeito do sal!! Tudo era pouco mediante a tortura que ele me fizera passar o dia todo... Acredito que por falta de ar, o velho desacordou, então pude tirar-lhe os panos da boca... Eis que estavam lá aqueles malditos dentes causadores do meu desespero, num gesto frio arranquei dente por dente com o alicate... e a cada dente no chão, menor era minha tormenta... quando arranquei-lhe o último vi aquela imensa boca mastigando afastar-se de mim!! Estava livre... Voltei para minha casa e finalmente pude repousar e dormir feito um anjo... O velho? O choque foi tamanho que perdeu a voz, agora ele era o louco... E eu recobrei a minha paz!
 
                                                                                                                                        (Marcelo Alves)