quinta-feira, 21 de junho de 2012

Faustos



 Ai de mim que me rendi aos prazeres terrestres, que amei, que gozei do luxo, que pequei e que odiei na mesma intensidade, arrependimento? Não, não há! Há o medo do que virá, do alto preço que a mim será cobrado.
Ai de mim que jaz não tenho alma, alma que se perdeu em meio aos detritos do inferno quando lá vaguei por horas infindas.
 Ai de mim criatura pequena que sou, volúvel, sentimental e melancólica.
Ai dos faustos que assim como eu venderam suas almas ao Diabo!
 Ai das pobres prostitutas que se vendem por dinheiro! que já têm sua alma leiloada.
 Ai dos alcoólatras e drogados errantes que pairam sem destino todos já desgraçados e sem salvação. Não, não tente salva-me, todo meu ser e meu espírito estão destinados ao sofrimento eterno, fruto da minha mais alta ambição.
Ai dos olhos puros vociferando preces em meu nome!
Ai das mulheres que cometem aborto!
 Ai das pessoas que cometem crimes hediondos!
Ai da natureza que jaz esquálida e morta reflete apenas nosso subconsciente!
Ai do céu que jaz vermelho sangra perdão!
Ai da terra que se abre aos meus pés!
Ai do vento que sopra palavras insanas aos meus ouvidos!
Ai do fogo que consome meu ventre perfurado!
 Ai dos poetas que aqui tentam alegrar-me.
 Ai das religiões que jaz não prega a verdade!
 Ai dos corruptos no poder.
Ai do pedófilo! do louco! do insano!do masoquista!do assassino! que mesmo não vendendo suas almas ao Diabo, são faustos assim como eu, e jazem condenados...

                                                                                                       Marcelo Alves 19/06/12

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